sábado, 30 de abril de 2011

Você pode mudar a história de alguém hoje! #4


             Adolescente crescida na igreja, pais religiosos até o último fio de cabelo e salmo 24 aberto na estante da sala. Minha vida sempre se resumiu em ir à igreja, participar das programações da igreja, andar com os amigos da igreja, usar roupas como as meninas da igreja usavam... Nunca tinha conhecido outro mundo que não fosse aquele, de crianças bem cuidadas que iam a Escola Dominical todo domingo e cantavam hinos dos personagens do velho testamento nos cultos vespertinos.
                Mas aí... eu cresci. E comecei a ver que talvez ir a uma festa que tocava umas músicas mais “agitadas” fosse mais legal do que ir a um culto. Comecei a pensar que a vida dos meus amigos do colégio que não eram cristãos, era mais divertida do que a minha. Quando comecei a abrir minha mente para que esse tipo de pensamento entrasse, não teve mais volta, me tornei uma garota revoltada com tudo, ia a igreja praticamente obrigada e quando ia por livre e espontânea vontade, era porque tinha algum evento jovem. Ou seja, eu usava a igreja mais como um clube social, do que como a casa de oração e adoração ao nosso Deus, um lugar que eu deveria ir para me achegar primeiramente dEle e depois das pessoas.
                Tudo aconteceu sem eu perceber direito. Num pulo, todas as minhas atitudes e meus pensamentos tinham mudado, eu mentia para meus pais, ia à igreja, mas ao mesmo tempo ia a festas mundanas me acabar em dançar; em lugares que só tinham bebidas, cigarros e todo tipo de droga e pessoas com nenhuma influência positiva. As músicas que eu escutava mudaram, meu palavreado mudou; em minha boca começaram a passear palavrões e palavras indecentes, me entreguei a ideais conturbados e pervertidos do mundo, e ficava com muitos garotos, uns até na mesma noite. Cheguei até a duvidar da existência de Deus, não ligava pra que os meus líderes diziam, porque afinal, eu também via a maioria dos adolescentes da minha igreja praticarem as mesmas coisas que eu, e uns até coisas piores. Porque mudar, se todos eram daquela maneira?
                Mas eu estava enganada. Tinha sido contaminada pelo veneno do pecado e minha vida estava caminhando para um poço escuro, sujo e triste. Eu achava que a felicidade se encontrava em quantos meninos pediam pra sair comigo, ou em quantas festas eu ia por mês. Achava que quando estivesse triste, era só receber um elogio de alguém bonito e influente, que minha auto estima voltaria ao normal e que tudo ficaria bem. Eu entendia que pra ter uma vida de felicidade, eu tinha que estar rodeada de amigos que me bajulassem e que falassem que me amavam. Eu estava redondamente enganada, quando criei uma espécie de ampola de vidro em volta de mim, achando que eu era a mais bonita, a mais legal, a mais inteligente, a mais querida, a mais amada, a mais admirada.
                Mas Deus me ensinou que quando nos reduzimos ao pó, a nada, nos esvaziamos e varremos o orgulho pra fora da nossa vida, aí sim é que estamos mais perto da felicidade. Porque a felicidade é amar a Deus, é viver para Ele, e não tem como amar a Deus se estivermos cheios de nós mesmos, nos achando o máximo, achando que estamos por cima da cocada preta, né?
                Numa noite fresca de fevereiro, enquanto dava uma volta pela praça da cidade, que estava cheia de turistas, por ser feriado, encontrei umas colegas. Eram duas garotas totalmente perdidas, que faziam as maiores loucuras, que frequentavam locais suspeitos, que já tinham se envolvido até com homens casados e carregavam nas costas grandes fofocas e olhares de menosprezo da maioria dos moradores da cidade. Elas eram daquele tipo de jovens que ninguém dá nada por eles, que todos que se dizem “direitos” desprezam e que se julga ser impossível mudarem de vida.
                - Oi! – Uma delas disse, abrindo um sorriso tão bonito que eu até fiquei constrangida, após o sorrisinho meia boca que eu tinha dado a elas.
                - Você se lembra de nós? Quanto tempo não nos vemos!
                “É impossível esquecer de vocês depois do tanto que aprontaram nessa cidade...” – pensei - É... lembro de vocês sim. E aí, o que andaram fazendo nesse feriado? Pegaram muitos gatinhos?
                As duas se entreolharam e abriram um enorme sorriso, acompanhado de um olhar cúmplice. Fiquei sem entender nada.
                - Nós não “pegamos muitos gatinhos” não, nós nos encontramos com o MELHOR homem que qualquer pessoa poderia se encontrar!
                Minha expressão confusa deveria ter sido tão explícita, que elas logo trataram de se explicar.
                - É que nós... – Uma delas começou a dizer, mas a outra logo a interrompeu.
                - Espera ai, antes nos diga uma coisa: como foi o seu feriado?
                - Ah.. foi... foi.. - Eu estava procurando algo convincente para falar, porque eu não ia dizer que passei o meu feriadão num retiro da igreja, né? Ia ser comprar um bilhete para a zoação de todos os meus colegas e amigos, já que aquelas duas conheciam praticamente todos da cidade, e o mais importante: os garotos mais bonitos e populares eram amigos delas! Não podia dar esse mole.
                - Ah.. eu não fiz nada demais.
                - Poxa vida! O nosso foi tão incrível!
                - Em qual festa vocês encontraram esse tal “homem maravilhoso” ein?! – Ri.
                - Não foi em festa nenhuma, Natasha. Nós passamos o feriado num retiro! Você já deve ter ouvido falar de igrejas cristãs que organizam retiros em feriados, não é? Poxa, esses retiros são tão bons! Foi lá que encontramos o homem mais lindo e magnífico de todo o mundo! E nós nem brigamos por ele, viu. Porque eu aceito que ao mesmo tempo em que Ele seja meu, Ele também seja da minha amiga e de todas as outras mulheres e homens do mundo! O nome dele é Jesus! Você tem que o conhecer, Natasha. Ele deu a Sua vida por mim, por você e por todos os moradores da Terra! Ele nos ama tanto, que se entregou por nós numa cruz, para que hoje nós vivamos uma vida repleta de amor e felicidade. A partir do momento que reconhecemos que só Ele pode nos fazer viver DE VERDADE, nós não quisemos outra pessoa, outro deus, outra forma de felicidade – na verdade, outras formas não existem, porque só Ele traz a verdadeira paz e alegria. Agora nós estamos indo na mesma igreja que promoveu o retiro e queríamos te convidar para visitá-la conosco. A igreja é ótima e tem pessoas super divertidas que vão te acolher com o maior amor, fora que se você aceitar terá o maior amor que o mundo já viu, o de Jesus Cristo!
                Perplexa. Surpresa. Embasbacada. Foi assim que eu fiquei quando terminei de ouvir tudo aquilo. Na hora me bateu uma vergonha que eu não sei explicar, meu coração bateu forte e eu fui obrigada a baixar a cabeça. Eu vivi a vida inteira na igreja e nunca tive a coragem que aquelas meninas tiveram; tinha vergonha até de dizer que eu frequentava uma igreja, e elas que haviam acabado de conhecer a Cristo já iam espalhando as boas novas assim, de maneira tão espontânea e feliz. Reconheci naquele momento que na verdade, eu nunca tinha me encontrado com Cristo realmente, só com a religião. Eu nunca havia permitido que o amor de Deus entrasse em mim pra mudar, pra transformar. Naquele dia eu reconheci que não basta ir à igreja, tem que se encontrar com o amor de Deus. De religiosos o mundo já está cheio, o que falta são pessoas que realmente tenham se encontrado com Ele!
                A partir daquele dia eu comecei a buscar a Deus de verdade, e aos poucos, Ele foi se mostrando a mim. Ouvir as mensagens do pastor já não era mais chato e a vergonha de dizer que sou de Cristo, não fazia mais parte do meu vocabulário. Vergonha eu passei a ter sim, mas de não anunciar o amor de Jesus, vergonha de ir a certos lugares, vergonha de pronunciar certo tipo de palavra. Busquei e continuo buscando a Deus de toda a minha força e entendimento, minha vida hoje, é uma vida para adorá-lo em todos os aspectos. Ainda tenho muito o que mudar, mas sei que o principal já está transformado, que foi o de se encontrar com o maior amor do mundo, o de Cristo Jesus.
                Não quis ficar calada e aceitar que os adolescentes da minha igreja estivessem na mesma situação em que eu me encontrava e assim, tratei logo de mostrar a eles a diferença que se tem em ir à igreja e ter uma vida transformada. Através de mim, aquelas pessoas começaram a ver um novo lado do ser cristão.
                E com isso tudo eu quero te dizer que, não importa quanto tempo de conversão você tenha. Não importa se tem duas semanas ou vinte anos, o que importa é o seu encontro com Jesus a cada manhã, o seu testemunho e a sua maneira de demonstrar e falar do amor de Deus. Deus não está ligando se você tem 15 ou 50 anos, Ele realmente está se importando com a sua responsabilidade para com Ele, e para com as pessoas ao seu redor, aquelas que precisam tanto do amor do Pai. Eu aprendi com aquelas duas meninas que não importa o que você tenha feito no passado, porque o sangue de Jesus nos limpa de tudo, até da “má fama”. E ao passar do tempo, as pessoas vão ver a sua diferença e vão ver que realmente, o amor de Deus é capaz de perdoar e mudar absolutamente TUDO.

sábado, 23 de abril de 2011

Você pode mudar a história de alguém hoje! #3

Família rica, dinheiro a hora que quisesse, um carro só meu, viagens para o exterior. Essa era a minha vida de alguns anos atrás. E ah, não posso deixar de mencionar que além de tudo isso, tinha também outra coisa que era presentíssima em meus dias: as ilusões. Que se resumiam basicamente em todo tipo de droga, bebida, farra, falsa felicidade.
Durante muito tempo eu vivi alienado naquele mundinho de “tudo pode”, até que aquela vida foi me fazendo pensar que eu podia tudo de verdade. Que o mundo estava em minhas mãos. Que eu era o dono de tudo. Enganei-me triste e profundamente. No início, era fácil pensar que o mundo girava em torno do meu umbigo, porque sempre tinha sido assim. As festas, as noitadas, a irresponsabilidade, o dinheiro fácil, a mão protetora dos pais em todo momento, quer eu estivesse certo ou não; Isso foi abrindo um enorme espaço para a sensação de que eu podia mais, e com isso vieram as drogas, bebidas, noitadas que agora eram acompanhadas de novos amigos “da pesada”, e brigas de rua, comecei a ter prazer por espancar inocentes, em passar na rua e não ir com a cara de alguém, parar o carro e bater naquele alguém. Eu tinha me tornado raivoso, impaciente, sem escrúpulos, egoísta.. mais do que qualquer época antes de minha vida.
Mas como nem tudo são flores, depois de ter sido preso quatro vezes por porte ilegal de armas, drogas, agressão, dano a patrimônios públicos, perturbação da ordem (...) e com mais não sei quantos processos também por agressão e danos morais, meus pais resolveram parar de me bancar. Cortaram meus cartões de crédito, tiraram o carro, as viagens, ou seja, eu comecei a ver que nem tudo era como eu imaginava. Mas aí o vício já estava avançado e eu não conseguia superar um momento de tristeza sem a ajuda das dependências químicas. Me endividei, então comecei a roubar as coisas da minha própria casa, e cada dia que passava eu estava mais dependente e mais desesperado, até que minha mãe me pegou no flagra, roubando uma jarra caríssima que ela havia comprado em uma de suas viagens para o exterior. Meus pais me internaram numa clínica de reabilitação para dependentes químicos e eu fugi. A partir de então minha casa passou a ser as ruas e o meu alimento, o mesmo dos cachorros. Roubava para conseguir comprar drogas, não tomava banho, vivia com a mesma roupa desde o dia em que fugi da clínica; dormia num papelão e me tampava com jornais. Eu havia perdido completamente o senso e não lembrava mais que eu pertencia a uma família, só o que povoava meus pensamentos eram as malditas drogas, que eu tentava conseguir de todas as formas. Paguei tudo que um dia eu havia feito com os outros, apanhando também de grupos de skinheads, sendo humilhado e pisado pela sociedade.. e tudo isso por causa das minhas escolhas erradas, que decorreram na pior experiência da minha vida: as drogas.
Mas certo dia algo mudou. Ou melhor, certa noite algo mudou. O relógio marcava vinte e duas horas e poucos minutos, e eu estava enrolado numa coberta velha que tinha achado num saco de lixo próximo dali; era julho e a noite fria de inverno parecia ter transformado meu corpo num enorme cubo de gelo. Ouvi passos e senti que algumas pessoas se aproximavam de mim, um arrepio percorreu meu corpo inteiro e não era por conta do frio, era o medo da certeza de que mais um grupo agressor estava chegando para espancar-me. Senti alguém se achegar ainda mais perto de mim e eu tremia feito uma vara verde, já esperando o pior, meu coração quase saltava pela boca. Até que...
- Olá?
Cadê os chutes, os pontapés, os socos, que eu estava esperando? Virei-me com a expressão de uma criança que implora pra não ser castigada pelos pais e com os olhos tão marejados que pude sentir a primeira lágrima descer pelo meu rosto, ao perceber que não se tratava de mais um grupo de agressores.
- Oi, como o senhor está?
Minha aparência era tão precária que eu realmente deveria parecer uns vinte anos mais velho. Ao ver que em suas mãos estavam grandes sacos com cobertores, casacos e comida, eu desconfiei. Mas, os minutos foram passando e aquele grupo de jovens que deveriam ter a mesma idade que eu, foram tirando todo medo e desconfiança. Em suas blusas estava escrito “Vivendo o amor Daquele que nos amou primeiro”, então pude perceber através de suas palavras e ações, que realmente, eles eram especiais. No momento eu não entendia o porquê, mas hoje eu entendo muito bem. Naquela noite gelada de julho eu me encontrei comigo novamente, e isso só aconteceu porque antes eu havia me encontrado com Aquele que me criou. Aqueles jovens apaixonados por Deus, apaixonados pela vida, apaixonados por vidas me fizeram querer viver de novo.
Depois de uns dias aceitei ir tomar um banho e cortar o cabelo e a barba na igreja daquele grupo, lá eles me vestiram e mais uma vez me deram de comer. Foi aí então que me senti mais a vontade para contar a minha história a eles, que me ajudaram e cooperaram de forma grandiosa para eu ser como sou hoje. Um ser completamente mudado e transformado pelo amor de Deus, que usou os Seus filhos, para me despertarem para a vida novamente.
Hoje eu sou ministro de louvor e participo desse mesmo grupo que um dia me encontrou, e pela misericórdia de Deus eu, juntamente com aqueles jovens ungidos, tenho sido usado por Deus para resgatar vidas que como eu, estavam perdidas, e mostrá-las o caminho da felicidade real. Meus pais também reconheceram que somente Deus poderia ter me curado de uma forma tão incrível e maravilhosa e se entregaram a Ele.
Vivemos hoje numa família direcionada por Deus e por Seu amor, uma família que faz a vontade do Pai e com certeza tem enchido a Ele de alegria. Por isso, eu digo a você que sim, fazer o bem sem olhar a quem e amar ao próximo - mesmo que esse próximo esteja sem tomar banho há meses e não tenha nem sequer uma cama para dormir – é uma das mais belas atitudes que um cristão deve ter, porque isso, além de transformar vidas, transforma a face de Deus em um sorriso lindo, iluminado, feliz.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Você pode mudar a história de alguém hoje! #2


Sentado numa mesa perto do tapete vermelho, observava o desenrolar da festa de casamento do meu melhor amigo. Um amigão de infância mesmo, que agora deixava de ser aquele moleque que jogava futebol quando desse na telha, que quebrava a vidraça do vizinho e chegava em casa chorando para contar o prejuízo; aquele amigo que eu vi crescer e que cresceu junto comigo.. e que agora estava tirando as fotos pro álbum de casamento, ao lado de uma linda esposa. Uma onda de insatisfação e quem sabe até desespero subiu pela minha garganta, se formando num nó amargo e atravessado, quase me fazendo perder toda a credibilidade de um homem, derramando lágrimas num casamento. Isso é coisa de mulher, po! Mas o engraçado, é que a vontade de chorar não era por pensar que perderia meu amigo, não era porque queria casar também, ou porque estava emocionado com o momento dele. A vontade de chorar não tinha explicação, era uma coisa estranha, tipo aquela sensação que me ocorreu no dia em que... ouvi o evangelho de Jesus pela primeira vez. Mas.. o que aquela sensação fazia dentro de mim justo no casamento do meu melhor amigo? Onde eu estava sentado ao lado de outros amigos, bebendo e comendo, enquanto via a alegria do novo casal de pombinhos?
                Era estranho. Mas rapidamente me encarreguei de dissipar aqueles pensamentos que não foram convidados a entrar em minha mente e continuei rindo e me divertindo com os amigos. A hora da dança chegou e quase todos os convidados foram para a pista; enquanto toda a festa se acabava em danças, bebidas, comidas, gargalhadas exageradas, uma alegria tão falsificada que chegava quase a cheirar a plástico, eu percebi uma menina encostada na sacada do salão, olhando na direção do mar, que ficava bem em frente ao clube que acontecia a festa. Fui em direção a ela, mas parei, hesitei por um momento.. talvez ela estivesse esperando o namorado. Ah, mas eu não tinha nada a perder mesmo, uma garota linda, que provavelmente era como todas as outras em festas: desesperadas por um beijo e um carinho de pelo menos uns minutos de algum desconhecido.
                - Noite bonita, né? – Aproximei-me dela.
                - Muito.
                - Você costuma apreciar o mar assim sempre, ou é só porque a festa está chata?
                Ela riu e engatamos uma boa conversa, regada a risadas e bom papo. Ao longo da conversa ia percebendo que ela tinha algo de diferente... Ela pensava diferente, tinha atitudes diferentes, até a maneira de se portar era diferente de todas as mulheres que eu já havia conhecido. Mas isso não me impediu de tentar o que realmente eu queria com aquela conversa toda...
                - Sabe... – Disse, pegando em suas mãos – eu gostei muito de conhecer você. Não só porque é linda ou tem um bom papo, mas porque você tem conteúdo. Você guarda muitas coisas especiais por detrás desse sorriso encantador... – À medida que falava, meu rosto ia se aproximando mais do dela e minha voz terna, dizia que mais uma vez, a noite estava ganha.
                Mas... suas mãos me afastaram, impedindo que chegasse mais perto.
                - O que houve?
                Sua expressão de indignação me respondeu pelo menos 99% da pergunta.
                - É só um beijo, linda... – tentei mais uma vez me aproximar dela. Que me afastou mais.
                - Pára! Eu não vou beijar você – mesmo sendo uma frase nenhum pouco simpática, ela foi muito educada em sua forma de falar.
                - Mas porque, é só uma ficad...
                - Porque eu não fico com ninguém.
                Parei por um instante, refleti sobre a frase que tinha acabado de escutar.
                - Não fica? – ri.
                - Não.
                - Então qual o motivo de você ter ficado tanto tempo conversando comigo? Pra nada?
                - Ah, pensei que conversas serviam para se conhecer pessoas, fazer amizades, não que servissem somente para anteceder um beijo entre desconhecidos – mais uma vez a sua forma de falar branda e calma, me deixou perplexo.
                - É, pode ser. Mas todo mundo fica, como você não?
                - Sabe.. quando eu entendi que o amor de Cristo e a submissão a Ele estavam acima de qualquer coisa em minha vida, eu simplesmente deixei de dar beijos descompromissados. E ainda mais em desconhecidos.
                Fiquei em silêncio, observando-a falar.
                - A pureza é um dos valores que estão perdidos no mundo de hoje, mas no amor de Jesus eu pude perceber que ela tem que ser resgatada, tem que ser revigorada na vida das pessoas, e ainda mais na vida daqueles que aceitam a Cristo como seu salvador. É uma mudança e tanto, e a felicidade é recompensadora demais.
                Naquelas poucas palavras eu pude perceber onde estava toda a diferença daquela garota: Em seu coração. Ela pertencia Aquele que um dia tocou meu coração, mas que eu não quis ouvi-lo, aquele que eu não escolhi, mas que eu preferi viver o mundo de enganos e felicidade passageira que é esse em que vivemos. Naquelas poucas palavras, pude perceber amor, entrega, consagração. Em seu olhar, enquanto dizia, eu via um brilho especial, algo que eu almejava tanto ter, mas não conseguia alcançar por teimosia e talvez medo. E enquanto ela falava, nada além da noite em que conheci Jesus conseguia ultrapassar as barreiras dos meus pensamentos. Aquela sensação de mais cedo, de nó engasgado na garganta voltara, e eu senti mais uma vez vontade de chorar. Um exemplo e tanto daqueles, uma jovem, de lá seus 17, 18 anos, me convencendo de algo tão fundamental a minha vida, e fazendo isso de uma forma que acredito que ela nem tenha percebido: através do seu exemplo, da sua forma de ser, do seu amor por Cristo impresso no olhar.
                Aquela noite marcou a minha vida. Aquela mulher marcou a minha vida. Minha mente mudou, minhas ações, meus pensamentos, meu eu... eu mudei completamente, porque em primeiro lugar, Deus mudou o meu coração. E através de um exemplo, de uma forma de viver, de uma forma de agir, de apenas palavras que vinham acompanhadas de ações, e ações completamente apaixonadas por Cristo. Realmente, Deus usa as menores coisas pra nos alertar e nos trazer de volta a seus braços.
                A minha estória é uma prova de que sim, a sua vida e a sua forma de viver podem ser um agente forte e incrivelmente maravilhoso para a salvação de almas.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Você pode mudar a história de alguém hoje! #1


Uma vida que não tinha sentido. Meus pais estavam se separando, meu namorado resolveu me deixar pouco depois de termos tido nossa primeira vez, meus amigos haviam me deixado depois de terem descoberto que eu estava envolvida com drogas. Minha mente estava em tempo de explodir, tudo que um dia eu sonhei para minha vida estava desmoronando, e já não era de agora. Os contos de fadas foram abruptamente arrancados pelas insistentes brigas no lar, pelas lágrimas de desespero da minha mãe após um soco do meu pai, pelas garrafas de cachaça quebradas pelo chão da casa, pelo bafo de álcool quando minha única representação masculina na família resolvia me dirigir à palavra. Tudo começou num lento desaparecer, quando me entreguei totalmente aquele que foi embora e partiu meu coração, e tudo que deixou foi remorso; quando meu único abrigo tinha se transformado nas drogas, e delas estava saindo a minha única fonte de “alegria” passageira. Quando meus amigos me deram as costas, quando tudo começou a desmoronar e eu não sabia pra onde ir... Saí de casa aos prantos, depois de mais um briga dos meus pais, já não aguentava mais tanta pressão, tanto desespero, tanto sofrimento. Não me importava se tivessem olhando, só o que me interessava no momento era colocar pra fora tudo aquilo que vinha me afligindo, me tirando a paz – paz essa que na verdade nunca passou de um disfarce – me transformando numa pessoa totalmente debilitada. Sentei-me num banquinho que ficava num calçadão em frente ao mar, e ali deixava o choro cair como as chuvas de março, só que aquelas pobres lágrimas não limpavam nada, não renovavam nada, não me ajudavam em nada. Mas eu não conseguia contê-las! Foi aí então que senti que alguém estava ao meu lado. Alguém que havia chegado ali naquele momento. Metade de mim queria mandar aquela pessoa embora e metade queria pedir ajuda.. mas não me pronunciei em momento algum. Só que a pessoa se pronunciou.
- Não sei o que você está passando e no momento também não me interessa saber. A única coisa que eu quero que saiba é que existe alguém que pode mudar toda e qualquer situação. Esse alguém é Deus! Ele enviou o Seu filho para morrer por nós numa cruz, onde lá, todos os pecados foram perdoados, e hoje a gente pode ter livre acesso a deus através desse filho, que foi crucificado. Esse Deus, quer te ver bem e Ele é a solução dos seus problemas, Ele é do tamanho exato do vazio que há em você. Ele restaura sonhos, transforma famílias, resgata o perdido. E tudo isso em troca de uma só coisa: Crer nEle. Crer e aceitá-Lo como seu único Senhor e Salvador. Ele pode mudar a sua história.
Antes que ela terminasse de falar, minhas lágrimas se multiplicaram e eu a abracei com tanta força que eu não posso explicar. Só o que eu queria naquele momento, era de um ombro amigo e aquela menina me deu mais do que eu queria, ela me deu o que eu precisava. Deus. Salvador. Amigo. Libertador.
Hoje eu faço parte da mesma igreja que a minha melhor amiga – a que além de amiga, foi o canal que Deus usou para minha salvação – e participo do ministério de louvor e evangelismo da igreja, além de manter com os outros adolescentes da igreja, um trabalho com as crianças de um bairro carente da cidade. Minha vida foi totalmente transformada e hoje meus pais também são membros da mesma igreja que eu, e desenvolvem trabalhos junto com o ministério de teatro. Deus restaurou a minha casa, a minha família, os meus pensamentos... a minha vida. Não foi uma caminhada fácil, mas Ele me deu forças pra continuar, e hoje, se sou outra pessoa, lavada e remida pelo sangue do Senhor, foi porque um dia, uma garota de apenas 15 anos se deixou ser usada por Deus, para ser agente de mudança em meu ser.
Por isso... não hesite em fazer a obra, você pode ser usado por Deus sim! Você pode transformar a vida de alguém... sim!