Família rica, dinheiro a hora que quisesse, um carro só meu, viagens para o exterior. Essa era a minha vida de alguns anos atrás. E ah, não posso deixar de mencionar que além de tudo isso, tinha também outra coisa que era presentíssima em meus dias: as ilusões. Que se resumiam basicamente em todo tipo de droga, bebida, farra, falsa felicidade.
Durante muito tempo eu vivi alienado naquele mundinho de “tudo pode”, até que aquela vida foi me fazendo pensar que eu podia tudo de verdade. Que o mundo estava em minhas mãos. Que eu era o dono de tudo. Enganei-me triste e profundamente. No início, era fácil pensar que o mundo girava em torno do meu umbigo, porque sempre tinha sido assim. As festas, as noitadas, a irresponsabilidade, o dinheiro fácil, a mão protetora dos pais em todo momento, quer eu estivesse certo ou não; Isso foi abrindo um enorme espaço para a sensação de que eu podia mais, e com isso vieram as drogas, bebidas, noitadas que agora eram acompanhadas de novos amigos “da pesada”, e brigas de rua, comecei a ter prazer por espancar inocentes, em passar na rua e não ir com a cara de alguém, parar o carro e bater naquele alguém. Eu tinha me tornado raivoso, impaciente, sem escrúpulos, egoísta.. mais do que qualquer época antes de minha vida.
Mas como nem tudo são flores, depois de ter sido preso quatro vezes por porte ilegal de armas, drogas, agressão, dano a patrimônios públicos, perturbação da ordem (...) e com mais não sei quantos processos também por agressão e danos morais, meus pais resolveram parar de me bancar. Cortaram meus cartões de crédito, tiraram o carro, as viagens, ou seja, eu comecei a ver que nem tudo era como eu imaginava. Mas aí o vício já estava avançado e eu não conseguia superar um momento de tristeza sem a ajuda das dependências químicas. Me endividei, então comecei a roubar as coisas da minha própria casa, e cada dia que passava eu estava mais dependente e mais desesperado, até que minha mãe me pegou no flagra, roubando uma jarra caríssima que ela havia comprado em uma de suas viagens para o exterior. Meus pais me internaram numa clínica de reabilitação para dependentes químicos e eu fugi. A partir de então minha casa passou a ser as ruas e o meu alimento, o mesmo dos cachorros. Roubava para conseguir comprar drogas, não tomava banho, vivia com a mesma roupa desde o dia em que fugi da clínica; dormia num papelão e me tampava com jornais. Eu havia perdido completamente o senso e não lembrava mais que eu pertencia a uma família, só o que povoava meus pensamentos eram as malditas drogas, que eu tentava conseguir de todas as formas. Paguei tudo que um dia eu havia feito com os outros, apanhando também de grupos de skinheads, sendo humilhado e pisado pela sociedade.. e tudo isso por causa das minhas escolhas erradas, que decorreram na pior experiência da minha vida: as drogas.
Mas certo dia algo mudou. Ou melhor, certa noite algo mudou. O relógio marcava vinte e duas horas e poucos minutos, e eu estava enrolado numa coberta velha que tinha achado num saco de lixo próximo dali; era julho e a noite fria de inverno parecia ter transformado meu corpo num enorme cubo de gelo. Ouvi passos e senti que algumas pessoas se aproximavam de mim, um arrepio percorreu meu corpo inteiro e não era por conta do frio, era o medo da certeza de que mais um grupo agressor estava chegando para espancar-me. Senti alguém se achegar ainda mais perto de mim e eu tremia feito uma vara verde, já esperando o pior, meu coração quase saltava pela boca. Até que...
- Olá?
Cadê os chutes, os pontapés, os socos, que eu estava esperando? Virei-me com a expressão de uma criança que implora pra não ser castigada pelos pais e com os olhos tão marejados que pude sentir a primeira lágrima descer pelo meu rosto, ao perceber que não se tratava de mais um grupo de agressores.
- Oi, como o senhor está?
Minha aparência era tão precária que eu realmente deveria parecer uns vinte anos mais velho. Ao ver que em suas mãos estavam grandes sacos com cobertores, casacos e comida, eu desconfiei. Mas, os minutos foram passando e aquele grupo de jovens que deveriam ter a mesma idade que eu, foram tirando todo medo e desconfiança. Em suas blusas estava escrito “Vivendo o amor Daquele que nos amou primeiro”, então pude perceber através de suas palavras e ações, que realmente, eles eram especiais. No momento eu não entendia o porquê, mas hoje eu entendo muito bem. Naquela noite gelada de julho eu me encontrei comigo novamente, e isso só aconteceu porque antes eu havia me encontrado com Aquele que me criou. Aqueles jovens apaixonados por Deus, apaixonados pela vida, apaixonados por vidas me fizeram querer viver de novo.
Depois de uns dias aceitei ir tomar um banho e cortar o cabelo e a barba na igreja daquele grupo, lá eles me vestiram e mais uma vez me deram de comer. Foi aí então que me senti mais a vontade para contar a minha história a eles, que me ajudaram e cooperaram de forma grandiosa para eu ser como sou hoje. Um ser completamente mudado e transformado pelo amor de Deus, que usou os Seus filhos, para me despertarem para a vida novamente.
Hoje eu sou ministro de louvor e participo desse mesmo grupo que um dia me encontrou, e pela misericórdia de Deus eu, juntamente com aqueles jovens ungidos, tenho sido usado por Deus para resgatar vidas que como eu, estavam perdidas, e mostrá-las o caminho da felicidade real. Meus pais também reconheceram que somente Deus poderia ter me curado de uma forma tão incrível e maravilhosa e se entregaram a Ele.
Vivemos hoje numa família direcionada por Deus e por Seu amor, uma família que faz a vontade do Pai e com certeza tem enchido a Ele de alegria. Por isso, eu digo a você que sim, fazer o bem sem olhar a quem e amar ao próximo - mesmo que esse próximo esteja sem tomar banho há meses e não tenha nem sequer uma cama para dormir – é uma das mais belas atitudes que um cristão deve ter, porque isso, além de transformar vidas, transforma a face de Deus em um sorriso lindo, iluminado, feliz.
Que oportuno falar sobre identificação e identidade.
ResponderExcluirHá pessoas que se identificam com seus bens, e dessa identificação tiram sua própria identidade, chegando à conclusão que elas são aquilo que possuem - o que é um crasso erro. Veja nesta declaração de Jesus Cristo:
Lucas 12:15 E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.
Qual é o problema pessoal nisso?
Quando eu permito que haja essa identificação a ponto de minha identidade se confundir com a coisa possuída, a partir do momento que eu me vejo ameaçado naquilo que tenho, me vejo ameaçado na minha propria identidade pessoal, porque não sei mais ser alguém senão esse alguém que sou hoje por força daquilo que possuo.
Parabéns pelo blog.
Fraternalmente,
Josué, do site www.livrinho.com
Pura verdade irmão! Quando deixamos que aquilo que possuímos nos tome conta, esquecemos do que deve ser principal em nossa vida (e o que acaba se transformando em personalidade) seguir a Cristo.
ResponderExcluirótima colocação e obrigada pelo apoio
que Deus abençoe
vou dar uma passada no seu site =)
beeijo
Curti Arlene,me lembrou o testemunho de um irmão na igreja que vivia na rua e pans,dae uma moça começou alimentar ele,no fim eles acabaram se casando *-*.
ResponderExcluirbjos mto bom seu texto
Nossa vini, que história linda também! Deus faz grandes coisas *-*
ResponderExcluirObrigada pelo apoio e louvado seja Ele!
Amém
Oi. Sem querer parecer mal educado, mas gostaria que retirasse a minha foto. Eu não autorizei o uso, e isso pode acarretar em fim judicial.
ResponderExcluir(:
Olá, sem problemas, achei a foto na internet e nem me liguei nessas questões de autorização..falha minha, me perdoe.. foto devidamente retirada! Deus abençoe, bjsss
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