terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A ilusão do pecado


Julio. 20 anos. Transformado por Jesus.

Acordei mal. Minha mente estava embaralhada e eu não conseguia mais encontrar um sentido pra minha vida. Corri para o banheiro e me olhei no espelho, ali não reconheci ninguém. Aliás, reconheci sim, um ninguém. Naquele momento nem Deus devia estar olhando pra mim, mas... alguém olhava pra mim?! Não.
Olhando mais uma vez para o meu semblante acabado, olheiras roxas, olhar desesperado, uma cicatriz do lado esquerdo a baixo dos lábios – marca da época em que queria absurdamente esquecer – e juntando tudo isso se formava uma feição... triste. Amargurada. Desesperada.
Corri imediatamente para a cozinha, abri o armário, uma saída, era isso que eu precisava, uma saída! E a mais próxima que encontrei foi dentro da primeira gaveta do armário da cozinha – o faqueiro. Com as mãos trêmulas e os olhos marejados, cheguei à conclusão de que aquela era a melhor fuga que eu podia ter. Aos poucos meus dedos encostaram-se à maior e mais afiada das facas, a segurei com toda força e fui correndo para o meu quarto, de frente para o espelho que agora refletia todo o meu corpo, queria assistir a minha própria derrota, ao próprio sofrimento estampado em meu rosto magro e sem vida. Observei a minha mão carregando a faca lentamente até minha barriga e quando faltava apenas um centímetro para a consumação de uma vida inteira de desgostos, a imagem de Caio - meu amigo desde quando eu freqüentava a igreja com minha mãe, uma criança ainda – me veio à mente, fazendo-me lembrar do que ele havia dito alguns dias atrás ‘’Você é especial, cara. Sempre vai haver alguém que te queira melhor, e esse alguém morreu numa cruz, pra te salvar, pra que hoje você não precisasse andar na escuridão! ’’ Soltei a faca. E junto com ela desmoronei no chão, as lágrimas rolaram e eu procurei, como se fosse a última coisa a fazer na vida, o meu celular. Disquei um número e na tela do aparelho estava escrito: Chamando Caio.
Enquanto esperava por ele sentado, agarrado as duas pernas, chorava feito uma criança pedindo o colo da mãe. Caio chegou e parou na porta, seu olhar era de profundo pesar. Hesitou por um momento e foi correndo ao meu encontro, me agarrou e nós dois choraramos toda a dor que havia num coração derrotado pelo pecado e num outro que havia lutado com todas as suas forças para salvar o amigo que amava e que agora suspirava aliviado, vendo a faca caída, intacta.
- Essa vida não é pra você, cara – Caio suplicava e eu colocava pra fora todas as lágrimas que denunciavam aquele meu antigo viver torto, escuro.
- Deus te chamou para a vida e não para a morte. Não se deixe cair em jugo de escravidão novamente! Não!
- Eu quero ser livre. Não quero mais ter essa falsa liberdade do mundo, a liberdade que me engana, só pra depois me levar para o mais profundo abismo. Eu quero ver a luz da vida de novo! – Suplicava.
- Deus te dá toda a liberdade, que vem acompanhada de uma herança eterna. Não permita ser comprado pelas idéias mentirosas e mortais desse mundo perverso e mal. Siga a Deus, tenha a vitória!
- Cristo morreu por mim, né? Ele agüentou tudo por mim, não é mesmo?! Que egoísmo tentar anular todo aquele sacrifício!
Caio olhou dentro dos meus olhos, mais uma lágrima escorreu e ele olhou para o céu, gritando:
- EU TE AMO MEU DEUS!!!!! – e voltando-se para mim, me abraçou forte e completou – E também te amo muito, amigo.

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