Ele andava pelas ruas, mas era como se não estivesse ali. Seu olhar estava longe, facilmente tropeçaria em algum objeto jogado indevidamente rua a fora. Quem o olhasse nos olhos, diria que seu olhar também estava vago, vazio. Suas mãos suavam frio, seu coração parecia estar oco. Sentia seu espírito diminuindo, sendo amassado como uma bolinha de papel. Sua alma parecia mais uma laranja estragada, quase entrando em estado de decomposição. Ele se sentia assim. Ele o via assim. Uma sede incontrolável, mas não de água. Era de outra água. Água essa que ele já havia provado, mas que não sabia como fazer para tê-la de novo. Olhava pro céu e reconhecia que tinha sido pego. Pego pelo vírus da descrença. Sentia vontade de gritar, cair de joelhos, chorar...clamar. Mas tinha de se conter, estava fora de casa. A cada segundo seus passos apertavam e a ansiedade crescia “Preciso disso AGORA!”. Ele não se continha. Se demorasse mais um pouco, explodiria ali mesmo. Entrou em casa as pressas, trancou-se no quarto e ali jogou-se no chão de joelhos. Ao elevar a voz em oração, as lágrimas fluíam naturalmente, o tom de voz aumentava e a tristeza se transformava em humilhação.
Não dá. Quem já provou do grande amor de Deus, quem já provou da fé verdadeira, não tem pra onde fugir. Quem já foi conquistado por Jesus Cristo não tem saída. Escolha? Muito menos. O espírito da gente murcha e o coração parece não passar de um papel amassado, pisado quando estamos longe. Quem já provou do verdadeiro Espírito não consegue achar outra forma de felicidade. Até porque, outra forma não existe. Só Deus é capaz de ocupar o tamanho exato do vazio que há em nós. Só Ele.
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